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Não existe dia dos índios

por Charleni Cruz Galdino, YCL fellow do povo Wapichana, região serra da lua, em Roraima.

Mario Nicacio Wapichana, vice-prefeito do município de Bonfim, RR (evento realizado antes da pandemia)

Há 521 anos, nós povos indígenas do Brasil, no quantitativo de 305 povos, que falam mais de 275 línguas em todo o território nacional brasileiro. Especificamente em Roraima, de onde venho, no extremo norte da Amazônia Brasileira, somos dos povos Wapichana, macuxi, Waiwai, Ingaricó, Taurepang, yanomami, Waimiri Atroari, Sapará, Patamona e Yekuana. Mais de 480 comunidades indígenas, distribuídas em mais de 35 terras indígenas perfazem 46% do território do Estado de Roraima.


Todos os dias cantamos, dançamos, fazemos os trabalhos de roça, pescas de peixes e todas as atividades culturais de acordo com os nossos usos e costumes. Já tentaram fazer o apagamento de nossas existências de povos originários, mas a nossa resistência nos permite hoje contar e vivenciar no presente e futuro a nossa história. Não existe índios no Brasil, e nem especificamente em Roraima, porém existe povos que vivem com a cultura diferentes em suas comunidades.


Para a nossa existência o maior projeto que lutamos é a retomada de nossos territórios originários que esta sendo conduzido pelo governo federal de forma para tentar exterminar os povos. O que aprendemos com a cultura diferentes, ou seja, “dos brancos”, não nos deixa menos Wapichana ou mais Wapichana, por exemplo, eu Charleni Cruz Galdino sempre serei Wapichana.


A nossa maior força vem da natureza, porque é o nosso principal valor, pois nos dá conforto para viver. Através dela que nós temos o ar, a agua, a terra, o aroma da mata verde, os nossos animais e a nossa saúde quando buscamos a cura na medicina tradicional. Hoje em dia nós, povos indígenas, estamos organizados de forma coletiva no movimento social indígena, quando nós nos sentimos ameaçados, é reivindicando em voz alta que avançamos para defender o nosso direito e conquistar aquilo que é bom para nós e o que almejamos para o futuro também. A nossa política social é um avanço em meio a toda sociedade, pois conseguimos espaços na saúde, educação, na formação superior, na política partidária, nos projetos de sustentabilidade e mantendo a nossa identidade étnica com respeito, fortalecendo e valorizando a nossa cultura no Brasil e no mundo.


Acima, Assembleia regional das lideranças indígenas da serra da lua.



No âmbito do clima, nosso conhecimento da floresta amazônica é essencial para ação climática efetiva. Segundo o cientista climático Carlos Nobre, os habitantes brasileiros emitindo em média 8.000 toneladas de carbono por ano, enquanto os povos indígenas estão absorvendo 200 toneladas de dióxido de carbono por ano. Isso porque temos como princípio cultural manter a floresta em pé. Uma vez que é da floresta que vem todo o nosso sustento e a nossa vida. Como foi mencionado no Podcast Revoar, é bom que a gente aprenda a "se amazonizar" antes que seja tarde demais.


Portanto, exigimos respeito por nossos direitos que está na constituição federal de 1988, nos artigos 231 e 232, e também em linha da Organização Internacional do Trabalho, cuja convenção n°169 (OIT), sobre povos indígenas e tribais em Estados independentes, apresenta importantes avanços no reconhecimento dos direitos indígenas coletivo, com significativos aspectos de direitos econômicos, sociais e culturais, onde enfatiza nos artigos 14 e 15 “direito de consulta e participação dos povos indígenas no uso, gestão(inclusive controle de acesso) e conservação de seus territórios”.


Enfim, não temos nada a comemorar hoje 19 de Abril, data chamada de “dia dos índios”, por conta da grande percas de vida indígenas para a pandemia covid- 19 e no enfrentamento do atual governo federal anti-indígena.


Sobre Charleni Cruz Galdino: Sou do movimento social indígena e tenho como objetivo principal defender os direitos que a constituição federal de 1988 nos garante e com ela também buscamos conquistar o nosso espaço nas políticas sociais no contexto geral. Recebi uma bolsa para realizar o curso YCL de 2021 e a Rede YCL. Sou roraimense, do povo Wapichana, região serra da lua.

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