
Quinta-feira, 30 de abril de 2020
TÃtulo da reunião: Ciência do clima
Sobre a aula: neste módulo, os palestrantes trouxeram diferentes perspectivas do desafio imposto à humanidade pelas mudanças climáticas. Aspectos fÃsicos, econômicos e sociais foram abordados de maneira complementar e integrada, considerando a interdisciplinaridade intrÃnseca ao estudo deste tema.
Roberto Schaeffer abordou as mudanças aceleradas pelas quais está passando o planeta, em decorrência das atividades humanas – contexto no qual estão inseridas as mudanças climáticas. Em apertada sÃntese, em sua apresentação, o professor:
Reduzir as emissões de CO2 é a forma mais eficiente de controlar o aumento da temperatura do planeta em nÃveis seguros, uma vez que o aumento da temperatura acima de 1,5°C poderá causar impactos perigosos no planeta, como alteração nas precipitações, redução do acúmulo de neve, derretimento de geleiras, secas, redução da produtividade de alimentos, elevação do nÃvel dos oceanos, inundações, perda de espécies, disseminação de doenças infecciosas, entre outras;
Demonstrou como as atividades humanas, principalmente as relacionadas à energia, aumentam a concentração de CO2 na atmosfera, ao emitirem o gás em quantidades superiores à capacidade do planeta de absorvê-lo;
Expôs brevemente a lógica dos modelos a partir dos quais o IPCC prevê as consequências das mudanças climáticas, para auxiliar tomadores de decisão polÃtica em ações de mitigação e adaptação;
Ressaltou que ações relacionadas à s mudanças do clima impactam na segurança das nações e na paz entre os paÃses, conforme reconhecido no Fórum Econômico Mundial, em 2019; e
Reforçou que o mundo em geral, e o Brasil em particular, são altamente vulneráveis à s mudanças climáticas; contudo, embora tecnicamente seja bem conhecido o que se deve fazer para enfrentar o problema, entraves polÃticos e sociais dificultam a adoção de medidas mais efetivas.
PatrÃcia Pinho trouxe a perspectiva das ciências sociais para o tema das mudanças ambientais globais, dentre as quais estão as do clima. Em resumo, a antropóloga:
Reforçou alguns elementos-chave apresentados por Roberto relacionados aos aspectos fÃsicos das mudanças climáticas;
Explicou o arcabouço teórico apresentado pelo IPCC para os estudos de impactos, vulnerabilidades e riscos às mudanças climáticas;
Apresentou o debate sobre injustiças e desigualdades criadas e reforçadas no contexto de alteração do clima, tanto dentro, quanto entre nações;
Tratou do aumento das vulnerabilidades decorrentes da perda de serviços ecossistêmicos, da pobreza e das desigualdades;
Demonstrou a necessidade de ações de adaptação à s mudanças climáticas, no que se refere à capacidade de enfrentamento e resposta, a partir da percepção do risco e de caracterÃsticas relacionadas à cultura, à economia e à tecnologia disponÃvel em cada local; e
Trouxe exemplos de iniciativas e modos de agir que podem trazer impactos positivos no enfrentamento das mudanças climáticas em diferentes contextos.
Lições finais desta aula: a partir do evidente consenso cientÃfico em torno das alterações climáticas e sua relação com atividades humanas, deve haver uma composição complexa de medidas de enfrentamento à s causas e efeitos dessas mudanças. As ciências da natureza e humanas terão papéis igualmente importantes e complementares para compreender adequadamente o fenômeno e seus efeitos em diferentes escalas e contextos e para propor ações que sejam de fato eficientes.
Sobre os palestrantes:
Roberto Schaeffer é Professor Titular de Economia da Energia do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ. Possui doutorado em PolÃtica Energética pela Universidade da Pensilvânia, EUA. Já orientou cerca de 140 teses de mestrado e de doutorado, e publicou mais de 300 trabalhos cientÃficos nas áreas de energia e de mudanças climáticas. Sua principal área de atuação é em modelos de avaliação integrada de energia e mudanças climáticas.
PatrÃcia Pinho é Doutora em Ecologia Humana pela Universidade da Califórnia em Davis, com pós-doutorado na Universidade de Michigan (USA) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Tem liderado e participado de diversos projetos Internacionais como, mais recentemente, o projeto Klimápolis do Max Planck Institute, USP e Universidade São Judas, o Programa ESPA (Ecosystem Services for Poverty Alleviation), projeto OPENNESS da European Union’s Seventh Programme for Research". É coordenadora cientÃfica do escritório Regional do International Geosphere-Biosphere Programme e co-chair da Gordon&Moore Foundation para Ciência Cidadã Participativa para a Amazônia.
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Journaling realizado por André de Castro dos Santos, membro do Conselho Consultivo Acadêmico do YCL, geógrafo e doutorando no programa de Alterações Climáticas e PolÃticas de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Lisboa e em direito ambiental pela USP. Muito obrigada!